quarta-feira, 31 de março de 2010

Por que razão

Quando estou mais deprimida, me dá para ouvir vezes sem conta o musical Jesus Christ Superstar?

É sempre cada lavagem de alma...

Choro, choro, choro... hoje só me apetece chorar!
Todo o bom humor desta manhã se esfumou!

Há situações mesmo injustas: as ondas batem nas rochas e quem se lixa é o berbigão.

O meu trabalhinho já seguiu para a tal pessoa que o tinha que avaliar sabe-se lá por alma de quem. Sei que ela já tentou telefonar e deve ser para dizer que não concorda, ou que vai fazer alterações AO MEU TRABALHO.

Como se tudo não bastasse, depois de ser suposto eu ter ido almoçar (o que não fiz porque vou almoçar sozinha e não quero ficar trancada na rua), chamam-me a um certo gabinete onde me dizem que vou ser avaliada.

Até aí tudo muito bonito. Só que como posso ser avaliada se não produzi nada? E não produzi nada porque nunca me deram resposta a nada? Expliquem-me!

E fui logo avisada que há cotas, e que isto, e que aquilo, e rebéu-béu-béu pardais ao ninho!

Ao longo do tempo que aqui estive sempre tentei desenvolver projectos, sempre me tentei superar, tudo o que apresentei foi barrado, e agora sou EU a avaliada?? Quando praticamente me dizem que a minha nota não vai ser superior a tal porque há cotas?

E isto é justo??

Eu sei que a vida não é justa. Mas sei que ambicionava mais para mim. Muito mais. Tinha muitos sonhos. E estou a estagnar aqui. Sinto-me injustiçada, sinto-me a enlouquecer.

Agora tenho que propor objectivos para 2010. A avaliação de 2009 "vai ser baseada na nossa sensibilidade" (estou a citar).

Great. É caso para dizer ESTOU FODIDA! Mesmo.

Argh, só me apetece chorar!

Ontem tive uma noite tão boa, hoje de manhã estava tão bem disposta, e agora...

Já nem quero ir almoçar, estou enjoada com os nervos, dói-me a cabeça, não me apetece ver ninguém, apetece-me berrar e mandar isto tudo à MERDA ou À **** QUE VOS PARIU!

Só quero ir para casa, enfiar-me debaixo dos cobertores e chorar... posso?

terça-feira, 30 de março de 2010

C.

Não passas de puro desejo animal.
Nada mais.
E é bom ter chegado a essa conclusão.
Porque os desejos animais e irracionais controlam-se com a cabeça!

Epá...

Sou muito estúpida, eu.

Mesmo.

É que não é a primeira nem segunda nem terceira vez que cometo este erro.

Se calhar não sou estúpida, se calhar sou mesmo só burra por ser tão ingénua e acreditar na bondade e boa vontade das pessoas.

E depois esqueço-me que no mundo do trabalho, quanto mais te lixarem melhores se sentem!

E vai daí, entrego o MEU trabalho, de mão beijada, para que alguém que nem sequer está ligada à minha instituição "o valide".



De princípio não vi mal... a minha superior pediu-mo e, apesar das minhas impressões sobre ela, eu entreguei. Não é o que é suposto fazer? Um chefe ou superior pede, nós queremos impressionar bem, e sem pensar duas vezes fazemos o que nos pedem, até porque não vemos mal nenhum nisso.



Depois é que comecei a pensar... Então mas o que é que alguém fora da minha instituição tem que "validar e autorizar" o meu trabalho??? Alguém me explica? De que serve então o curso que tirei? Foi uma fantochada? Nem aquele mísero trabalho esquemático estou autorizada a fazer sem validação exterior? Então qual é o meu papel aqui dentro??



Estou mesmo a ver o que vai acontecer... Daqui por algum tempo o meu trabalho vai aparecer publicado de uma ou outra maneira em nome dessa pessoa que tem que o "validar". E entretanto quem vai ficando mal sou eu "porque não produzo trabalho".



Se eu pudesse mandar isto tudo a um monte de porcaria de boi... :(

sábado, 27 de março de 2010

Ainda hoje é verdade... Ainda hoje não sei que papel ocupaste na minha vida, M.
Sei que me abandonaste, sei que me deixaste quando mais precisei de ti, sei que por tua culpa caí no mais negro poço.
O nosso amor era errado? Então por que me disseste que me amavas? Que só foste para o seminário depois de eu arranjar namoro? Porque me disseste que há anos que te sentias atraído por mim?

Porque entraste tão fundo na minha alma e no meu ser que é impossível apagar-te, enterrar-te, esquecer-te?

Nunca voltei a amar ninguém como te amei a ti... Eras a minha outra metade, sei que sim.

Fugiste... não tiveste coragem de me assumir perante todos. Refugiaste-te no seminário depois de me usares.

Não te consegui ainda perdoar... mas também ainda não te consegui esquecer... sei que tenho de o fazer. Já se passaram 3 anos... Tenho uma nova vida.

Mas tu és um fantasma que não me abandona. És um fantasma que ainda me faz chorar. Às vezes não sei do que seria capaz por ti.

Se tu voltasses, saísses do seminário como me prometeste quando eu me tentei matar pelo que me fizeste...o que faria eu?

Não sei.

E não consigo parar de pensar nisso.

Há dias muito bons, em que não te ponho o pensamento em cima. E há outros... em que não sei mesmo que papel tens na minha vida.

Disseram-me que precisava de acompanhamento psicológico. Tu destruíste-me. Mas quando fui à psicóloga, fui gozada por ela pelas coisas que lhe contei. E fiquei ainda pior.

Tu mentiste-me. Disseste que estarias sempre aí para mim. Usaste-me. Fizeste-me acreditar em ti. Abusaste da minha confiança em ti. Sofri sozinha as consequências do que os dois quisemos, e é isso que não é justo.

E depois disto tudo... queria ser capaz de te odiar e não consigo.

Talvez me esteja a casar pelas razões erradas. Para te enterrar de vez. Não sei. Amo muito o meu noivo - mas não como te amei a ti. Nem nunca aparecerá ninguém como tu. Eras a minha outra metade, usaste-me, partiste-me, nunca mais me recompus.

E não te consigo odiar...

E não me sais da cabeça...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Um dia...

Um dia garanto que ganho coragem de mandar o Almirante passear.
Estou farta disto. Ao fim de mais de duas décadas de vida é que se lembra que sou sua filha? Quando obrigava a minha mãe a entregar-me na esquadra da polícia... era por amor paternal? Quando não pagava nada sem a minha mãe ter de o pôr em tribuanal.. era por amor paternal?
Quando me propunha ir à América com a minha tia apesar de ela já lá estar... era amor?
Quando se voltou a casar e não me disse nada "porque eu não tinha nada a ver com isso"... era amor?
Quando me fazia esperas na escola primária, sem me deixar gozar o único intervalo que eu tinha das 8 às 13... era amor?
Quando agora vai à internet buscar o telefone do meu emprego e me liga 5 vezes por dia apesar de eu já lhe ter dito que era um telefone de serviço... é amor?
Quando chama mentirosa à minha mãe... é amor?

Estou FARTA! Já chorei tanto por ele, por tanto mal que ele me fez...

E depois... depois sou sempre eu a filha má. A que não lhe liga. A que não estabelece contacto com ele.

Está muito admirado por eu nunca assinar com o nome dele. Claro que não. Ele nunca quis saber de mim, porque haveria eu de usar o nome dele?

Eu hei de me casar e ele nem há de saber - fazendo uso das suas palavras, ele não tem nada a ver com isso!

Mas o que magoa é que eu é que saio sempre pintada como a má. A filha que nao quer saber. A filha que tem a cabeça feita pela mãe. Quando é mentira. Quando a minha mãe sempre me disse que eu tinha que o respeitar porque era meu pai.

E ele não tem que me respeitar a mim???

Que caramba, agora é que lhe deu para me controlar? Para saber se venho trabalhar ou não? Agora é que lhe chegam as vontades de ajudar? Agora que eu dei a volta por cima e sou independente? Quando eu precisei da ajuda dele não a dava; ou chorava tudo o que dava.

Agora é que quer ajudar? Agora que não preciso?

Estou farta!

Um dia juro que perco a cabeça e lhe digo muito claramente "Deixa-me em paz de uma vez por todas! Não sou tua filha, esquece que me fizeste, esquece-me de uma vez por todas!"

Mas sei que nem assim ele compreenderia e continuaria a perseguir...
Pois é...

Hoje já estou com a cabeça mais no sitio. As hormonas são uma coisa tramada e levada da breca!
Ontem fizeram a lista telefónica abrir-se sozinha e o telemóvel mandar uma mensagem que não devia.

O meu subconsciente esta noite também se portou mal, e sonhou com a resposta à mensagem, que, como é claro, nunca chegou.

E foi melhor assim!

Hoje ainda liguei o outro telemóvel, para por descargo de consciência ver se alguma resposta teria sido enviada para lá. Não foi.

Ainda bem.

Se há coisa que não vou voltar a fazer é pular a cerca. Apetece-me, e muito, não vou mentir.

Mas depois penso no meu noivo.

Ele não o merece, tal como eu não merecia que ele me fizesse isso.

Às vezes o que penso assusta-me e pergunto-me se serei assim de facto tão má pessoa para pensar estas coisas.
Tenho alguém que me ama, que me adora, que faz tudo por mim, e eu começo a deitar tudo a perder?

Quando não é a pensar no M. é a pensar no C.?

Mas que raio de pessoa sou eu??

Ai ai hormonas e subconsciente, vamos lá portar bem que eu já não tenho idade para estas rebaldarias!!

Se querem andar a desejar e a sonhar, façam-no com o meu noivo!!

quinta-feira, 25 de março de 2010

É...

Dizer que se vai resistir é muito bonito...

Mas eu garanto!! Foi a lista telefónica que se abriu à minha frente, e o meu telemóvel mandou uma mensagem sozinho....

(Que não teve resposta, e se calhar ainda bem...)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Há pouco disse-te: ontem deixaste-me para trás, hoje quero ser compensada e colocada em primeiro plano. Sabes como os meus blogs são importantes para mim. Pedi-te por tudo que me comentasses. Sabes o porquê de cada postagem, sabes o que sinto quando escrevo cada uma delas. E os teus comentários limitam-se a 3 ou 4 palavras aqui ou ali?

Desculpa se pareço fútil, mas isto para mim é importante!

Estás sempre a dizer que sou eu que exagero, que sou eu que levo tudo muito a mal, que és tu que estás sempre a dar-me desconto.

Sabes do novo blog que criei hoje, como projecto pessoal, para desenvolver as minhas capacidades de escrita.

Foste sequer capaz de lá passar? Não.

Assim não dá...

"Estás bem"?

C.,

O ano passado disseram-me que estavas apaixonado por mim. Que se via nos teus olhos.
Eu não liguei... Mas a verdade é que estavas sempre ao meu lado nas aulas. Estavas sempre junto de mim no pátio.
Este ano continuas igual.
Apesar de saberes que estou noiva e vou casar.
Tu és uma deliciosa tentação. Muito deliciosa. E cada vez mais tenho a sensação que quero pular a cerca, e que quero disfrutar de ti. Apesar de saber que estou noiva e vou casar. É a adrenalina, a sensação de perigo. És atraente, mentiria se não dissesse que me farto de sonhar contigo. Com os teus olhos, com a tua voz. Mentiria se não dissesse que sinto os teus abraços e os teus beijos nos meus sonhos. Ou que não dás a volta à minha barriga, fazendo-a sentir frio.
Ontem...
Conversámos mais de meia hora na aula. Já tínhamos feito o que o prof mandara, e juntamos as cabeças e vá de falar.
Contei-te muito de mim. Que quis ir para freira. Que quis ingressar na Opus Dei. Que tinha descoberto outra maneira de viver a minha fé. Contei-te tudo. Tu ouviste. Mesmo quando o M. nos interrompeu, tu insististe: "continua, o que estavas a dizer?"
E no fim, creio que suspirei.
E tu, ternamente, perguntaste: "Estás bem"?
Sim, respondi.
"Ainda bem".

Diz-me, C., porque me perturbas tanto? Por que senti que a pergunta era tão íntima? Que não significava apenas as palavras que a constituiam?

Estou noiva e vou casar, e não é contigo... então por que me perturbas tanto? Não chegam já as perturbações do passado?

Então por que tenho esta estranha tendência a querer tocar-te? Falar contigo? Mexes comigo, e ando a esconder isto de mim própria há quase um ano... há quase tanto tempo como o que namoro.

Quero tanto mandar-te mensagens, estar em contacto contigo... és a minha tentação, tenho de lutar contra ela e não quero...

O que sinto por ti?

Estou noiva e vou casar e não é contigo...
Eu sabia.

É quase meio dia, e tu ainda não disseste nada. A saída de ontem era o mais importante, não era?
Sei que vai haver discussão daqui a pouco. Eu não tenho feitio para ser deixada para trás. Não tenho. E sei que vou estar fria e distante contigo. É a minha defesa. E se calhar até vou estar mal disposta.
Tu não tens culpa que eu tenha inveja - e eu não tenho culpa que tu não percebas o quanto estas coisas me magoam, sobretudo quando eu já ando tão em baixo.
Quando eu quero jantar contigo, fora, não podes porque ganhas pouco. Mas para ires com os teus colegas de casa a um dos restaurantes mais caros da cidade, já não tens problemas.
Quando eu quero ir jogar snooker contigo, não te apetece. Mas quando é para ires com o teu melhor amigo ou os teus pais, nunca dizes que não. E não é suposto eu ter ciúmes?
Não tenho culpa que não entendas estas coisas!
Na outra noite nem me querias abraçar porque eu estava com o período e se me abraçasses "ficavas com mais desejo e depois não conseguias dormir". Quão egoísta é isso? Lembraste-te que eu podia de facto precisar de um abraço? Não! O que importava é que depois não conseguias dormir...
Estou francamente chateada, e nem posso desabafar contigo porque ainda deves estar a dormir que nem uma rocha!
Sim, tenho inveja.
Tenho inveja que saias tanto enquanto eu fico sempre em casa, sozinha.
Ontem pedi-te uma coisa simples: manda-me algumas mensagens durante a noite para eu saber que estás bem. Não te quero controlar. Queria apenas a ilusão de que estava ao teu lado, enquanto tu saías e te divertias.
Discutimos porque me deixaste pendurada ao telefone. "Tens que me dar desconto, já bebi um bocadinho a mais", disseste-me.
E que culpa tenho eu disso?
Que culpa tenho que te tenhas embebedado?
Recebi uma mensagem tua Às 7 e meia da manhã: "não sei o que fiz, acho que bebi a mais". Pois. Nem foste capaz de me mandar mensagem a dizer que estava tudo bem quando chegaste a casa. Que te interessa se eu tenho saudades tuas? Estás sempre a dizer que não posso ser assim, que não tens culpa que eu tenha inveja que saias. Mas tenho. Tens tudo o que eu quero, e tantas vezes me deixas para trás... Por vezes sinto que tudo o resto é mais importante que eu, e já to disse. Mas tu não queres saber...
Chorei de manhã quando vi que não tinhas mandado nada. Quando percebi que saíste e bebeste até te esqueceres de tudo. Até de mim. E isso dói, sabes? Dói muito.
Dói eu ter que vir para este emprego que detesto, que me faz dar em doida, e passar a manhã sozinha, sem a tua companhia, sem a tua voz, e tudo porque bebeste tanto que nem sabes quando te vais levantar.
"É só uma vez", vais-me dizer, "eu nunca saio". Eu sei. Mas o teu nunca é muito mais que o meu. Dói ser deixada para trás.
Sei que não te posso controlar, sei que precisas da tua liberdade, sei que não tens nenhum problema com o álcool, sei que é muito raro fazeres o que fizeste. Mas raro não significa nunca. E já mo tens feito algumas vezes. Amo-te, mas nestes momentos apetecia-me chegar ao pé de ti e abanar-te!
Custava-te assim tanto ires mandando mensagens para eu poder ter a ilusão que estava contigo?
Era assim tão difícil?
Parece que sim...
Tens sempre muito que fazer, não é?...
Sempre...
Eu estou sempre disponível, o meu telemóvel está sempre disponível para ti. Já tu... "vou jogar snooker"; "vou tomar café com G."; "vou sair com X".
Ainda este fim de semana. Eu ia para a tua zona. Perguntei-te se dava para um café.
"Não, tenho muito que fazer".
No entanto, poucas horas depois, dizes-me "A pessoa tal ligou-me, vou sair com ele".
E eu no meio disso tudo como fico?
Tenho que aguentar e fazer um sorriso bonito?
Desculpa, não consigo!

E um novo começo...

Porque faz falta recomeçar.
Porque faz falta ter um espaço onde ninguém saiba quem sou, onde possa desabafar, ser eu própria sem julgamentos nem críticas. Onde as minhas máscaras possam cair.
Onde possa confessar que não sou a "santa" que todos julgam.
Onde possa confessar que por vezes bebo. Por vezes fumo. Por vezes durmo com mais homens do que queria. Por vezes não sei o que quero. Por vezes volto a pensar em suicídio. Por vezes sinto-me sozinha. Por vezes sinto a tentação de um romance.
Porque faz falta eu analisar os fantasmas do meu passado.
Porque faz falta eu saber quem sou.
Porque me tenho de conhecer e aceitar como sou.
Aqui neste blog não me identificarei.
Será tão secreto quanto o possível.
Tenho outro blog por aí, onde assino com o meu nome e me identifico. Não interessa.
Aqui será o meu verdadeiro espaço de desabafo. Aqui serei ainda mais verdadeira.
Aqui vou deitar fora o nó que todas as noites me aperta a garganta e o peito e me faz chorar, e chorar, e chorar.
Aqui me vou confessar.
Aqui vou recomeçar.
Aqui vou sair da depressão onde estou.
Aqui vou ter a base para ser feliz.