quarta-feira, 7 de abril de 2010

Chega!

Às vezes há coisas fantásticas.

Uma delas é ouvir o meu noivo dizer "não vale a pena ouvir-te mais". Sim, calha sempre bem, sobretudo quando eu já estou tão fodida da minha cabeça. "Não vale a pena ouvir-te mais". Está bem. Eu calo-me. Mais uma vez. Assim como assim, há toda uma panóplia de coisas sobre as quais tenho de me calar contigo. Porque não gostas. Porque te sentes mal em ouvir. Porque sei lá o quê. Não posso falar contigo de como me sinto mal comigo própria. Não posso falar contigo sobre planos de poder estudar ou trabalhar no estrangeiro. "Eu vou estar em Portugal não terás outro remédio se não voltares para cá". Que bonito! Bonito e nada prepotente! Se me conhecesses deveras saberias que quanto mais me dizem não, mais eu grito um sim de revolta!
Há cada vez mais coisas sobre as quais não posso falar contigo. A maneira como quero educar os nossos filhos. A minha religião. Os meus sonhos profissionais. O não querer abandonar a zona onde vivo por causa dos meus pais.

A minha mãe tem-me avisado: "olha que ele não é o género de pessoa que te vá deixar conviver conosco, vai-te obrigar a ir para outro lado, quer apenas o mínimo de convívio conosco, é convencido, só ele é que sabe, sabe mais que todos".

E custa-me admitir, mas ela tem razão! Pedi-te para a minha irmã ir à Alemanha conosco, torceste logo o nariz.

Fica sabendo, meu querido. Eu não vou abandonar os meus pais. Nem a minha irmã. Eles irão a nossa casa sempre que quiserem. São a minha família, as minhas raízes, as minhas âncoras. Tu tens tradições diferentes, és estrangeiro e recusas-te a viver segundo as leis do país onde estás, e já me tens contado muita coisa que prova isso. Mas eu? Eu sou portuguesa. E não vou abdicar da minha nacionalidade e tradições só porque tu queres. Mas depois acho curioso que eu é que sou egoísta...

Há muita coisa a martelar-me a cabeça, há muito que quero falar contigo antes de te dizer "sim" na Igreja. Porque quando o disser, para mim, é para a vida, mesmo que civilmente nos venhamos a divorciar. E tu não entendes isso. Para ti é tudo o logo se vê, logo se vê. Eu não funciono à base de "logo se vê", já me devias conhecer!

Com tudo isto, sinto um abismo a crescer entre nós.

Ontem falei com a minha grande amiga Cr. Ela diz que isto pode ser de mal estarmos juntos. Criamos tensões e descarregamo-las nas discussões. Talvez tenha razão. Acho que tem razão.

Eu já não tenho certezas deste passo. Tentei dizer-to. Mas tu dizes que é normal e não deste importância. Sim, tentaste tranquilizar-me, dizer que tu também tens incertezas, que ninguém sabe o que o futuro reserva. E é verdade. Eu nem sei o que vou jantar hoje... quanto mais se daqui por um ano e meio vou estar casada contigo!!

Há tanto que eu não posso falar contigo que comecei a procurar outra pessoa com quem falar. E quem melhor que o C.?

Pois... "Real failure"... o gajo está comprometido há 3 anos e meio.

Nunca se passou nada entre nós, mas sinto-me enganada à mesma. Porque apesar de nunca se ter passado nada, houve toda uma série de indícios que ele me mandou ao longo destes 3 anos de curso... Portanto... e eu só lhe comecei a prestar atenção a semana passada, quando ele carregou fotos com a namorada. Doeu. Doeu muito. Ainda dói, ver as fotos deles. Mas quem é comprometido há 3 anos e meio... não me posso intrometer. Mas dói. Porque o desejo.

Ele deu-me as tais "borboletas" que só o M. me tinha dado. E eu nunca pensei voltar a senti-las... e sinto-as cada vez que falo com ele, cada vez que vejo a foto dele, cada vez que fico à espera de uma mensagem dele.

Até que ponto é já isto traição? Não sei. E tenho medo da resposta...

Mas já chega de sofrer por alguém como ele. Que manda sinais apesar de estar comprometido. Que brinca assim com as pessoas. Sim, porque ele não é assim com mais nenhuma rapariga do curso. Só comigo. E eu não sou a única rapariga... Não sei o que pensar. Não sei mesmo.

Sei que à semelhança do que se passou há 3 anos, tenho que colocar uma pedra de uma tonelada por cima deste assunto, enterrá-lo... ou pelo menos transformá-lo num fantasma como fiz com o M. Um fantasma que ainda me assombra, sim, é verdade, mas um fantasma.

E quanto ao meu noivo... Não sei. Quero amá-lo. Quero sentir essas "borboletas". Mas há coisas que eu não posso - nem quero! - aceitar. E não sei o que fazer com este anel de noivado que cada vez me pesa mais no anelar esquerdo...

6 comentários:

  1. Querida! Tens de te sentar com o teu noivo e dizer que não estás bem. Que ele em vez de te ajudar ainda está a afastar mais e mais... Tentar em conjunto arranjar uma solução para essa falta de companheirismo. Ele tem de te compreender, e se não o fizer, é porque não merece estar casado contigo um unico dia.

    E certamente irás encontrar outro alguém que te faça sentir essas borboletas, É só ter calma e paciencia. :)

    Bjinho **

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  2. Eu já o tentei fazer, Marie. Não resultou nada... ele continua a dizer que está lá para mim, mas a verdade é que cada vez sinto um maior afastamento... há já tanto que não lhe conto porque simplesmente não estou para ouvir que não tenho razão, ou que não é assim, ou que ele é que sabe, ou que "não vale a pena ouvir-me"... essa magoou tanto... :(

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  3. Eu não sei... De repente tudo ruiu... Realmente a vida e assim, de um momento para o outro tudo muda!

    Eu não vejo grandes certezas nesse casamento, vejo sim uma forma de te esconderes... Mas... Quem sou eu para achar seja o quer for. Somos todos diferentes, agimos todos de maneira diferente, sentimos de maneira diferente, pensamos de maneira diferente...

    Vai tendo calma...

    *Kiss*

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  4. Vou dar-te um único conselho:

    Não te cases nessas condições...não estás minimamente preparada para casar e especialmente com a pessoa com quem escolheste casar...!!!

    pelo que disseste neste post, reconheço aqui muita coisa de uma historia que de alguma forma me é familiar...

    daí estar a dizer-te que não leves essa tua relação adiante.

    boa sorte.

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  5. Moon: e coragem para acabar com isto?... Não tenho. O meu noivo ia ficar destroçado... não posso acabar com nada...

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  6. Concordo com a Moon... Não estás preparada para casar, e quanto ao teu noivo ficar destroçado, tu também ficas ao casar assim, com essas dúvidas todas! Tens que pensar bem, mais vale acabar tudo agora, do que daqui a uns anos. Pelo que percebi vocês divergem em assuntos fundamentais e isso é muito difícil de ultrapassar...

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Desabafa... mas com juízo.