quarta-feira, 19 de maio de 2010

Finalmente descobri o comprimido que me causava aquele mal-estar. Lasix, lamento, mas foste despedido. Quero lá saber da retenção de líquidos... Sei que hoje só tomei a fluoxetina, estou um pouco enjoada porque não gosto do sabor daquilo, mas pelo menos não tenho vontade de jogar o estômago fora e comprar outro...

A todos os que na postagem anterior me manifestaram a sua preocupação, queria deixar aqui o meu obrigada. A sério. Sabe bem ouvir algumas palavras de conforto quando estamos mais em baixo.

A medicação anda a dar cabo de mim. Na segunda feira, estava completamente eléctrica. Ok, fui à consulta de auriculoterapia e a médica desbloqueou-me os pontos de stress. Diz que eu ando com um stress tão grande em cima que mal se conseguem descobrir os pontos que se têm que pressionar. Mas lá os encontrou, e desbloqueou-os. Só sei que entre isso, a fluoxetina e o cipralex, na segunda feira eu não parava quieta. Era impossível. Tinha sempre uma das pernas a tremer, como se estivesse impaciente, sem que realmente o estivesse. Quando não era a perna, eram os dedos, como se estivesse a tocar num teclado imaginário. E na 3f... toda essa energia não sei para onde foi. Passei o dia completamente zombie. Ia adormecendo na aula de piano (!!!!) e ainda tive que ouvir o meu adorado professor dizer que não tinha nada a ver com o facto de eu andar medicada. Certo, profissionalmente talvez não tenha, mas e humanamente? Não consegui tocar nada, os dedos não respondiam, passei o dia sem forças, a bocejar, a desejar chegar a casa. E na viagem de regresso, passou-se algo que nunca me tinha acontecido. Menos mal que dei boleia a um colega, que falou a viagem toda e não me deixou adormecer ao volante...
Na estrada por onde eu venho, há imensas pequeninas aldeias com semáforos limitadores de velocidade. E por duas vezes eu estava a ver o semáforo verde e o cérebro foi incapaz de processar a informação de que verde significa avançar. Quando dei por mim, estava parada nos semáforos, à espera de não sei o quê para avançar. Eu parecia um autómato, sem conseguir processar nada, e isso assustou-me. Não conseguia sequer manter o carro direito na estrada, tal como se tivesse bebido. E isso não me pode acontecer, porque até Julho dependo de mim para poder ir a Évora às aulas... não tenho quem me leve, e os transportes públicos são mentira para lá chegar... Ou por outra, poderia ir, mas dado que trabalho e só tenho um dia para ir lá, não tenho transporte que me ajude...

Ando assustada comigo. Não controlo as emoções, não controlo estados de espírito, tão depressa estou bem, e a rir, e a cantar, e com imensa energia, como no momento a seguir parece que sou outra pessoa. De mau humor, triste, impaciente, zangada, sensível. Há anos que é assim. Não consigo controlar estas mudanças de humor, e sinceramente começam a cansar-me. Não tenho razões para estar triste. Já tive, há anos, mas agora não tenho.

Ok, não gosto do meu trabalho, mas dá-me um vencimento ao fim do mês. Estou a lutar para trabalhar no que gosto (continuo à espera de respostas, mas a esperança é a última a morrer), tenho um noivo fantástico (mas mesmo na minha relação as mudanças de humor são constantes... não sei como ele aguenta...), uma família que me adora e que só quer o melhor para mim. Então porque ando tantas vezes triste? Não sei, e isso deixa-me irritada comigo. Dá-me ideia de que sou uma miúda mimada, quando não é a verdade. Tudo aquilo que quero, luto para ter, não me vem parar às mãos de mão beijada... e ainda bem, porque assim tem outro sabor.

Dia 27 tenho consulta num psiquiatra. Talvez já devesse ter feito isto há muito tempo. Mas a última experiência que tive foi horrível. Ter sido gozada por uma profissional depois de me tentar matar não foi a melhor maneira de voltar a confiar em ninguém da área...

Mas sinto que preciso de ajuda, por muito fraca que isso me faça sentir, por muita vergonha que tenha de não ser auto-suficiente para sair desta fossa em que me sinto... e o pior é que ninguém à minha volta se dá conta da fossa em que me sinto. Porque tento sempre rir, e minimizar os meus problemas. Mesmo quando estou de mau humor, nunca digo a ninguém o que se passa, até porque nem eu própria sei.

Além disso, a minha novela mexicana parece não acabar. Há cerca de uns anos, antes de namorar com o E., gostei imenso de um colega de curso meu, de quem acabei por ficar muito amiga mesmo. Como vi rapidamente que nunca teria hipóteses com ele, contentei-me em ser a sua confidente, em ouvir todas as suas tentativas de engate (que falhavam sempre e eu, egoísta, até ficava um pouco contente com isso, porque na altura não teria aguentado vê-lo com alguém), e cheguei até a fazer de "casamenteira" perante as raparigas por quem ele tinha pancadas. Tudo bem. Passávamos imenso tempo juntos, ele jantava quase todos os dias em minha casa, lanchávamos juntos, saíamos juntos, mas sempre sempre como amigos, nunca se passou nada.
Neste fim de semana, eu e uma grande amiga minha (de quem esse meu amigo gostou há anos) estivemos a falar com ele na internet durante horas. E eis que ele me pede para fazer de "casamenteira" outra vez, pede-me email, contacto telefónico. Como ele já não vai para novo, acedi ao pedido dele. Marcámos todos um café para segunda à noite (porque a rapariga por quem ele tem uma pancada nunca aceitaria um café sozinha com ele neste momento). Fomos 5 pessoas. No entando, a noite só não ficou estragada porque eu estava com aquela energia que já vos falei, e o E. e a A. estavam da mesma maneira. Sim, porque eles os dois nem abriam a boca. Creio que até o muro de berlim era mais estreito do que a fossa que entre eles se abrira. Ignoraram-se totalmente a noite toda, foi incrível, mandaram um mau ambiente para a mesa... ela então, que estava de boleia comigo, passou a noite a dizer "quero ir embora, quero ir embora, estou com sono, quero ir embora".

Eu não quero ser má para ninguém, mas... raramente saio, estava a divertir-me imenso (porque a minha energia não se deixou afectar pela guerra fria que existia na mesa), estava a dar boleia à miúda, e ainda tenho de levar com as trombas dela, que se quer ir embora, que se quer ir embora, que se quer embora?... Quando eu estou de boleia, das duas uma. Ou aguento até quem me dá boleia se ir embora sem refilar ou então pego nas patinhas e bazo... mas aparentemente sou só eu. Já não sabia onde me meter...

Bah...

Postagem mais longa e inútil de sempre, mas soube-me tão bem desabafar...

3 comentários:

  1. Nada inutil... :p Faz bem desabafar. :) Melhores dias virão... Não há mal que sempre dure! Força aí!!
    Bjinho **

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  2. Oh... eu sei tão bem!!!!
    Eu sei o que é sentir esses tremores, essa ansiedade, eu sei... sei o quanto é horrível as mudanças constantes de humor, sei... sei o quanto é preciso estar concentrada para não me mandar contra um muro a conduzir, por causa do sono, mas depois é mau porque também não retenho a concentração para nada... sei o que é sentir vómitos todos os dias... sei o que é ter pesadelos e dormir e acordar angustiada... sei o que é querer estar isolada ou deitada sem querer ver ninguém...
    SEI. E sabes que mais? Também já descobri porquê. É isso, é esse trajecto que vais ter que fazer... vais ver que quando entenderes o que te deixa assim, terás a visão de tudo de forma mais clara. E estes problemas que te vão aparecendo não serão tão graves ou difíceis assim. Mais uma vez te digo... se quiseres partilhar experiências... nada melhor do que falar com alguém que ouve e não te vai julgar, PORQUE PASSA PELO MESMO.
    Bjos... *

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Desabafa... mas com juízo.